quinta-feira, 15 de setembro de 2011
brincar
Devemos ser menos sérios, ou falar sério brincando, brincar seriamente. Especialmente hoje sinto na carne o reflexo da superficialidade da vida a qual vivemos. Festinhas com um porre aqui, conversinhas e beijinhos com fulana ali. E ninguém realmente brinca, ninguém brinca de verdade. Todos somente brincam "de brincadeirinha"! No fim das contas, ninguém se entrega o suficiente, ninguém é suficientemente verdadeiro. Ninguém quer se envolver. Afinal, nossas vidas são definidas pelas interações voláteis e conexões de alta velocidade. Suportamos apenas a
veracidade do perfil do facebook. "Eta vida besta, meu Deus!"
Longe de mim ser o semeador de pensamentos, o generoso distribuidor de conselhos! Não. Aponto aqui, apenas, minha indignação comigo mesmo. Vivamos a vida mais a fundo, levemos a brincadeira mais a sério! (Parece contraditório, não!?)
Post em homenagem e memória de Renata Noriler.
"Part of me has died, won´t return..."
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Indulgência etílica

Como me surpreendo com a vivacidade dos jovens.
Na verdade, me surpreendo com minha capacidade de fingir que sou um deles, só para confundir a analítica de cada um desses viventes.
Ao tempo que ouso, recuo. Enquanto danço, cogito. Brinco com os limites da intersubjetividade.
Valso sobre as regras da etiqueta. Profano a lógica do bom comportamento.
Como uma criança curiosa e sedenta de atenção, pulo e sapateio, grito e rodopio, canto e desencanto.
Depois, se faço algo a mais. Se, por extremismos de jocosidade ou demasia de coloquialismo, comprometo a austeridade da gangorra que tem nas pontas nós, os seres; finjo estar dominado pelo álcool.
Isso mesmo, ébrio de pai e mãe. - Se te parece baixo, caro leitor, experimenta esse truque conquistador de uma posterior purgação. Sim, pois a indulgência não é imediata. Tudo deve ser fruto de um vindouro processo de cogitação.-
Possivelmente no dia seguinte - Só então é que estarão prontos a reconsiderar os excessos e justificar os maus hábitos. - pensarão: perdoemos-lhe! Afinal, estava bêbado. E, assim, audaciosamente usufruo da indulgência que é gratuitamente distribuída aos ébrios.
Dessa forma, torpe e indigna, eu sei; consigo o gratificante perdão e a continuidade do fraterno convívio.
E é por isso que exalto a benevolência dos viventes em oferecer tamanha indulgência aos ébrios. E não me envergonho. Garanto-te que fazes para ti mesmo coisas que em si só são muito mais rasteiras e desprezíveis; e assim mesmo se mira ao espelho todos os dias.
Obviamente, fazem-se necessárias certas ressalvas. Possuo também o dom de às vezes não estar mentindo. Posso ser, realmente, acalentado pelo alumbramento etílico. A variante é apenas a capacidade interpretativa.
P.S.: Se achas que eu estava bêbado ao fazer esse texto, cuidado! Pois tens total razão!
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
A's indefiníveis.
Angústia (latim angustia, -ae, estreiteza, contrariedade, aflição)
s. f.
1. Estreiteza.
2. Grande aflição acompanhada de opressão e tristeza.
O próprio dicionário só consegue "definí-la" usando outros sentimentos. O problema é que nem mesmo sei se a dita cuja é realmente um sentimento. Ou será um simples mal estar? Não sei ao certo quando a sinto. Tudo é presunção. Odeio presumir. Só de não saber com exatidão já fico angustiado.
Será então que esse sentimento se resume a isso? Ódio, raiva? AAaaaaaaaaaaaaaaa
Não, não. Esses são muito simples. E facilidade, isso eu sei com certeza, é algo que não cabe a mim.
Mas essa tal de Angústia está sempre ao meu lado. As vezes sai pra dar uma volta, chega a ficar dias sem aparecer nem dar notícias. Mas o bom filho à casa sempre retorna. E esse mal estar, esse nó no peito, essa âncora no esôfago vêm com ela.
Fico limitado a sentí-la somente. E se tento definição sou castigado com sua presença mais intensa. O Amor não aumentava quando tentava definí-lo. A Angústia, no entanto, é desprovida de limite superior.
Desisto, então, aqui. E acho que, na verdade, não haja necessidade de definição. Tanto o Amor quanto a Angústia são sentimentos que não há quem explique e ninguém que não entenda.
sábado, 19 de dezembro de 2009
Tusso, logo logo inexisto.

Tusso com a mesma frequência com que penso, e por isso fica difícil pensar. Trinta e três, trinta e três. Mal digito a dezena, quem dirá pronunciá-la. Meus pulmões insistem em virar-me ao avesso.
sábado, 31 de outubro de 2009
Vórtice
Não há definição que os alcance.
Única palavra que os relembra:
Verdes.
Ifinitivamente Verdes.
Verdes como o céu de setembro.
Profusão das cores amantes transbordando o mais verdadeiro Verdume.
Verde, varrendo-me como a vaga volumosa que vai e volta sobre a areia viva da praia.
Volúpias vertiginosas tragam e violentam meu viver.
Vórtice venéreo e vultoso que me hipnotiza o ver, fazendo só desejar.
Desejo com todas as forças, com todo o corpo, com todo o ser.
Vibro, vislumbro em vão. Quando te vejo, viajo. Viro-me em um rosto de uma visceral vultuosidade. Não passa a idade, o tempo congela, sou só vaidade.
Vou viver, então agora, de vociferar ao vilarejo, a vileza da indiferença
Que o Verde dos teus olhos tem para com o monocromatismo dos meus.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Ser gauche ou não ser
Outras vezes até penso que essa história de gauche é que tomou a todos, e eu é que sou o único a prosseguir essa vereda com austeridade. É, acho que é isso, todos vagam desconcertados e para mim, só para mim é que o mundo parece ter sincronia. Me sinto, hoje, como Camões; quando disse:
"Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado."