sábado, 19 de dezembro de 2009

Tusso, logo logo inexisto.




Tusso com a mesma frequência com que penso, e por isso fica difícil pensar. Trinta e três, trinta e três. Mal digito a dezena, quem dirá pronunciá-la. Meus pulmões insistem em virar-me ao avesso.
Chá de cidreira, chá de jasmim, chá de cadeira, chá de antipiréticos. Farto de tudo isso, ironicamente recorro ao Chá Celeste, e ao mesmo tempo imploro aos céus que derramem um chá miraculoso, algo que me dê ânimo e forças pra continuar. As esperanças que tenho na medicina se esvaem a cada tossida. AAaaahh estou farto de tudo isso, eu vou-me embora pra Pasárgada!

sábado, 31 de outubro de 2009

Vórtice

Queria falar sobre aqueles olhos verdes.
Não há definição que os alcance.
Única palavra que os relembra:
Verdes.
Ifinitivamente Verdes.
Verdes como o céu de setembro.
Profusão das cores amantes transbordando o mais verdadeiro Verdume.

Verde, varrendo-me como a vaga volumosa que vai e volta sobre a areia viva da praia.
Volúpias vertiginosas tragam e violentam meu viver.
Vórtice venéreo e vultoso que me hipnotiza o ver, fazendo só desejar.

Desejo com todas as forças, com todo o corpo, com todo o ser.
Vibro, vislumbro em vão. Quando te vejo, viajo. Viro-me em um rosto de uma visceral vultuosidade. Não passa a idade, o tempo congela, sou só vaidade.

Vou viver, então agora, de vociferar ao vilarejo, a vileza da indiferença
Que o Verde dos teus olhos tem para com o monocromatismo dos meus.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ser gauche ou não ser

As vezes fico pensando nessa coisa de gauche. Será que quando nasci fui também conduzido a seguir o caminho contrário? Não, acho que não. Não mereceria tanto, merecia nem caminhar. Mas já que, talvez por algum descuido, me deram um pouco dessa habilidade, cuidaram para que os sentidos não fossem assim tão apurados. Por isso acredito vagar, não contra o fluxo, mas aleatóriamente, sem saber pra onde vou nem para onde vão os outros. Talvez tenha existido um tal de um anjo que me mandou vagar como ébrio, vai se saber?!
Outras vezes até penso que essa história de gauche é que tomou a todos, e eu é que sou o único a prosseguir essa vereda com austeridade. É, acho que é isso, todos vagam desconcertados e para mim, só para mim é que o mundo parece ter sincronia. Me sinto, hoje, como Camões; quando disse:

"Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado."